segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Mia Couto



poema da despedida
  
não saberei nunca
dizer adeus
 
afinal,
só os mortos sabem morrer
 
resta ainda tudo,
só nós não podemos ser
 
talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo
 
não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos
 
agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca
 
nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
ainda assim,
escrevo