terça-feira, 15 de abril de 2014

Carlos Drummond de Andrade



ausência

por muito tempo achei que a ausência é falta.
e lastimava, ignorante, a falta.
hoje não a lastimo.
não há falta na ausência.
a ausência é um estar em mim.
e sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

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