terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Górki



minhas universidades 

Curvado, apoiando as mãos nos joelhos, espiei por uma janela; através das rendas da cortina, pude ver uma toca quadrada, as paredes cinzentas eram iluminadas por um pequeno lampião com um quebra-luz, abaixo do lampião, com o rosto voltado para a janela, estava sentada uma garota, e ela escrevia. e então levantou o cabelo e, com  um porta-penas vermelho, ajeitou uma mecha de cabelo na têmpora. Seus olhos estavam semicerrados, o rosto sorria. Lentamente, dobrou a carta, fechou o envelope, passou a língua pela borda e, após jogar o envelope sobre a mesa, ameaçou-o  com um dedo pequeno - menor que o meu mindinho. Mas pegou a carta outra vez, rasgou a beirada do envelope, leu, fechou-a dentro de outro envelope, redigiu o endereço, curvada sobre a mesa, e brandiu a carta no ar, como uma bandeira branca. Girando, de braços erguidos, foi até um canto, onde ficava a sua cama, depois saiu dali, já sem a blusa de dormir - tinha os ombros redondos feito pãezinhos doces - , apanhou o lampião na mesa e desapareceu num canto. Quando a gente observa como se comporta uma pessoa completamente sozinha, dá a impressão de que ela está louca. Fiquei andando pelo pátio, pensando em como aquela moça vivia de forma estranha, quando estava sozinha em sua toca.

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